Yoga é uma palavra sânscrita, e neste idioma não existem palavras femininas, portanto aqueles que praticam geralmente dizem "O" Yoga.
Vamos aqui refletir sobre a questão de gênero desta prática milenar.
Existem vários caminhos dentro do que se chama de Yoga, alguns baseados na tradição e outros mais recentes, criados por mestres que buscaram tornar a prática mais proxima do estilo ocidental. Alguns destes caminhos tem um movimento voltado para fora, para a agilidade, a força pela força, a exibição de habilidades e a competição: formas masculinas de expressão.
Porém, apesar de ser uma palavra masculina, o Yoga na suaTradição tem um movimento feminino, que se inicia dentro do praticante - de dentro para fora - o que se pode ler nos textos das escrituras. Isto é, em essência o Yoga é feminino. Estar em silêncio, observar mais do que mostrar, perceber e estar atento as condições internas e pessoais, são todos movimentos femininos - internos, e não externos.
Olhar para dentro e ter maior consciencia de si mesmo é Yoga, é integração (é este o significado do termo: integração de corpo e espírito). Aqui se pode ver a grande diferença entre o trabalho do Yoga e o trabalho da ginástica ou a prática de performance. No Yoga não existe competição, já que cada praticante faz o que é possível para ele naquele momento, evitando ultrapassar seus limites, em respeito às suas possibilidades - uma outra condição importante na Tradição: "Ahimsa" - a não-violência, que se inicia da pessoa para com ela mesma, para que então possa acontecer da pessoa para o mundo externo - de dentro para fora...
Perceber a si mesmo é consciência. Perceber-se, antes de olhar para o outro, ou cair na armadilha dos julgamentos...
O mundo atual está viciado em olhar para fora e para os outros, apontar o dedo e criticar, olhar as aparências, as posses, vibrar com a competição e os confrontos, as guerras... violência, pessoas cada vez mais doentes, a sensação de vazio interno e de impotência ou prepotência que se busca preencher com mais posses e prepotência, gerando mais depressão e ansiedade, descontentamento e frustração ... e paralelamente a crítica àqueles que já acordaram e buscam algo diferente de tudo isso... Será que o quadro que se apresenta hoje já não é o suficiente para que se veja que esta forma de conduzir a vida não deu certo?

É disto que o mundo precisa: parar de olhar para fora, e voltar-se para dentro e perceber o que existe em seu interior.
O Yoga, palavra de gênero masculino, traz para a prática o movimento feminino do acolher, do cuidar, de nutrir aquilo que é mais sagrado no Ser Humano: a essência do divino em cada um de nós.

Denise S. Constantino
Instituto Lothus - Academia de Consciência
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